Discutir política nas redes sociais ou não? Eis a
questão. (Por georgia Serafim)
Às
vésperas das próximas eleições, as redes sociais se transformaram em palco
pitoresco da disputa eleitoral. Candidatos a cargos do Poder Executivo foram
alçados ao status de salvadores da pátria, super-heróis e por vezes de
personificação de figuras demoníacas.
Maniqueísmos
à parte, o que se constata são legiões de eleitores fanáticos por figuras
grotescas ou mestres da arte do cinismo.
Em
muitos momentos, o palco é convertido em arena onde se digladiam os fanáticos,
alheios aos conchavos e alianças firmados nos bastidores de Brasília entre os
supostos arqui-inimigos objetos desta cega idolatria.
Nestes
quase sangrentos embates virtuais não há espaço para o debate democrático de
ideias, muito menos para avaliação concreta de propostas. Tudo que é dito pelo
apoiador do adversário político deve ser prontamente rechaçado, descartado e
escorrer latrina abaixo, afinal a busca nas redes é por ecos do próprio
pensamento e afirmação narcísica.
Este
ódio que escorre nas telas dos smarthphones nos incita a descrer num dos
pilares da democracia: a coexistência pacifica de ideias diferentes. Em uma
esfera inconsciente acabamos flertando com a Ditadura e o Fascismo. Desenhando:
acreditar que apenas o meu posicionamento político deve prevalecer, enquanto os
demais devem ser aniquilados é premissa de governos totalitários.
O
Brasil pós-golpe, mergulhado numa profunda crise ética, econômica, de segurança
pública, saúde e educacional é hoje terreno fértil para a proliferação de
ideais retrógrados potencialmente catastróficos.
Neste
cenário, o moralismo à brasileira, que permaneceu nas últimas duas décadas
adormecido em berço esplêndido enquanto surfávamos marolas progressistas e
estávamos cobertos pelo véu ilusório do consumismo, ressurge como solução
mágica e instantânea para os graves problemas enfrentados pela população.
Altos
índices de desemprego e inflação, insegurança, violência, medo. Adicione a isso
o fermento do moralismo e estará pronta a velha conhecida receita de bolo do
início do século XX da Alemanha Nazista.
A
massa do bolo está quase pronta, vai assar dia 7 de outubro e as disputas
acaloradas nas redes sociais são a fonte ideal de cocção. Ao contrário do que
se pode imaginar, esses embates não promovem mudanças efetivas, apenas geram
desgaste, fim de amizades e geram ainda mais ódio e medo.
Seguindo
a tendências das substituições culinárias, podemos substituir alguns
“ingredientes” para que o resultado destas eleições não seja demasiado
indigesto. Você pode substituir aquele compartilhamento de fake news pela
constante verificação das fontes e veracidade das notícias que você lê. Ao
invés de repetir frases de efeito duvidosas para defender aquele candidato,
você pode procurar se informar sobre a trajetória e as propostas de todos os
candidatos. Você pode priorizar também candidatos que intencionem promover
políticas para o bem da coletividade e não apenas de setores privilegiados da
sociedade. Essas pequenas mudanças no seu dia-a-dia colaborarão com a construção
de um Brasil mais justo, menos desigual e sobretudo Ditadura-Free.